Controle emocional é a capacidade de reconhecer, compreender e manejar as emoções, principalmente em situações desafiadoras. Pessoas com bom controle emocional conseguem lidar com a ansiedade, a raiva e a tristeza sem que esses sentimentos dominem suas ações. Mas quando essa habilidade está fragilizada, o corpo pode acabar sendo palco de compensações e a alimentação emocional é uma das mais frequentes.
O elo entre emoções e ganho de peso
Emotional eating: o que é?
Alimentar-se por emoções (“emotional eating”) é comer para acalmar sensações negativas, e não por fome real . Um estudo prospectivo, realizado ao longo de 7 anos, demonstrou que pessoas com sintomas de depressão engordaram mais quando apresentavam padrões de alimentação emocional. Fonte: IJBNPA, 2019. Leia o estudo completo.
🧬 Por que isso acontece?
As emoções desreguladas estimulam a produção de cortisol, o hormônio do estresse. O cortisol ativa o desejo por alimentos calóricos, ricos em açúcar e gordura os famosos “alimentos de conforto”. Além disso, o sistema de recompensa cerebral entra em ação: a comida ativa dopamina, proporcionando alívio temporário e reforçando o hábito.
🚨 O ciclo do comer emocional
Emoções negativas → comer para aliviar → sensação de culpa → mais emoções negativas → comer novamente
Esse ciclo, se não interrompido, pode durar anos e gerar consequências como compulsão alimentar, baixa autoestima, obesidade e isolamento social.
🛠️ Como romper esse ciclo?
Interpretação do sintoma alimentar como metáfora
Na psicanálise, o sintoma não é apenas um comportamento a ser eliminado, mas uma formação do inconsciente que carrega um significado simbólico. O analista, então, ajuda o paciente a interpretar o comer compulsivo como:
- Uma resposta ao vazio existencial;
- Uma forma de silenciar a angústia;
- Um modo de lidar com conflitos internos reprimidos.
“O sintoma é uma satisfação substitutiva de uma pulsão recalcada.”
— Sigmund Freud, 1905
Nomear o que está por trás da fome:
Com o avanço da análise, o paciente passa a dar nome aos afetos que antes eram “engolidos”. Isso permite que:
- O sintoma perca força;
- O alimento deixe de ser o único canal de descarga;
- O sujeito se responsabilize pelo próprio desejo, e não apenas reaja ao mal-estar.
🧩 E por fim, romper o ciclo pelo discurso
O ciclo do comer emocional, na psicanálise, não se rompe pela força de vontade, mas pela palavra. É ao falar que o sujeito desloca o afeto da boca para a linguagem, transformando a relação com o alimento e consigo mesmo.
