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Ansiedade na Psicanálise: O Sintoma Que Fala do Inconsciente

A ansiedade é um dos sintomas mais presentes na sociedade contemporânea. Entre diagnósticos médicos, terapias rápidas e busca por alívio imediato, muitas vezes esquecemos de nos perguntar: o que a ansiedade quer nos dizer sobre nós mesmos? Na psicanálise, esse sintoma não é tratado como um simples “defeito a ser corrigido”, mas como um sinal do inconsciente, um mensageiro que revela algo profundo sobre a vida psíquica do sujeito.

O Que é Ansiedade Sob a Ótica Psicanalítica?

Para a medicina tradicional, a ansiedade é frequentemente entendida como uma resposta exagerada do corpo ao estresse, marcada por sintomas como taquicardia, insônia e tensão muscular.
Já para a psicanálise, inaugurada por Sigmund Freud, a ansiedade é um afeto ligado a conflitos inconscientes. Em sua obra Inibições, Sintomas e Ansiedade (1926), Freud descreve a ansiedade como um sinal de alerta do ego diante de desejos ou impulsos reprimidos. Ou seja, o sujeito sente ansiedade quando algo interno ameaça vir à tona e romper com a imagem que ele tenta sustentar de si mesmo. Jacques Lacan, por sua vez, afirma que “a ansiedade não engana”. Para ele, ao contrário de outros afetos que podem ser mascarados, a ansiedade surge justamente quando o sujeito se depara com algo do desejo que não sabe nomear, mas que o afeta profundamente.

Por Que Ficamos Ansiosos?

A ansiedade, do ponto de vista psicanalítico, não tem apenas uma causa única. Ela pode estar associada a:

Um exemplo simples: uma pessoa que sente ansiedade antes de falar em público pode, inconscientemente, estar lidando com o medo de ser julgada ou rejeitada, um medo que pode remeter a experiências antigas com figuras de autoridade ou com os pais.

Como a Psicanálise Trata a Ansiedade?

Ao contrário de técnicas que buscam apenas eliminar o sintoma, a psicanálise aposta na escuta do inconsciente. Durante as sessões, o analista convida o paciente a falar livremente, sem censura, permitindo que os conteúdos reprimidos apareçam. Com o tempo, o sujeito pode compreender o que a ansiedade está tentando comunicar. Essa mudança de posição subjetiva faz com que a ansiedade perca força, pois deixa de ser um “monstro sem nome” e passa a ser compreendida como parte da própria história do sujeito.

Ansiedade: Um Inimigo ou Um Mensageiro?

A psicanálise nos convida a mudar a forma como olhamos para a ansiedade. Em vez de tratá-la apenas como um mal a ser extinto, podemos entendê-la como um sinal de que algo precisa ser escutado. Como disse Freud, “onde estava o id, deve advir o ego”, e isso só é possível quando damos lugar à palavra, ao autoconhecimento e à escuta do que realmente nos angustia.

Conclusão

A ansiedade, embora desconfortável, pode ser uma oportunidade de transformação. Quando escutada em análise, ela revela aspectos profundos de quem somos e nos ajuda a viver de forma mais autêntica. Quer saber mais sobre como a psicanálise pode ajudar?
Procure um psicanalista e permita-se escutar o que o seu inconsciente tem a dizer. Às vezes, o primeiro passo para acalmar a mente é justamente dar voz ao que está silenciado.

Marcela Mantele

Sou Marcela Mantele, psicanalista e eterna aprendiz da alma humana. Acolho histórias, dores e silêncios em um espaço de escuta segura e sensível. Minha trajetória multidisciplinar, da administração à psicanálise, passando por RH, Letras e Libras, ampliando meu olhar e fortalecendo meu compromisso com o cuidado ético e singular. Se algo em você pede voz, sentido ou transformação, este espaço é para escutar.

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